sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Avalanche

"Et le Temps m'engloutit minute par minute,
Comme la neige immense un corps pris de roideur;
— Je contemple d'en haut le globe en sa rondeur
Et je n'y cherche plus l'abri d'une cahute.

Avalanche, veux-tu m'emporter dans ta chute?"

Esse trecho é de um dos poemas que mais gosto de Baudelaire (le gout du néant). O último verso exerce sobre mim um fascínio especial. Ele me atrai de um modo tão primitivo e profundo quanto a atração que eu sinto pelo chão quando eu o olho desde o décimo quarto andar do meu edificio. É como sentir ao mesmo tempo o prazer da vertigem, a adrenalina do perigo e a proteção da morte. Quando me sinto engolida pelos dias e soterrada por uma avalanche de coisas prosaicas que caem secamente sobre mim, eu paradoxalmente penso na poesia de Baudelaire...e repito baixinho várias vezes: veux-tu m'emporter dans ta chute? É uma forma de resistência. Com glamour....

Nenhum comentário: