sexta-feira, 30 de abril de 2010

[foto gonzalo juanes]

terça-feira, 27 de abril de 2010

meet you at the statue in an hour.

e talvez não seja por acaso que eu me lembre de vc toda vez que ouço piazza, new york catcher do belle&sebatian.

nem que haja tanta gente fazendo covers dela (where do they all belong?).

segunda-feira, 26 de abril de 2010

À sombra das meninas em flor.

Eu acho que foi nesse livro que o proust escreveu uma frase que de tanto pensar nela eu acabei memorizando. Era mais ou menos assim: todo ser é destruído quando deixamos de vê-lo e sua próxima aparição é uma nova criação, distinta da que foi imediatamente anterior e talvez de todas.

Eu pensei novamente nela hoje. Talvez pela proximidade dos seres que eu destruí.

Quando a li pela primeira vez, achei que tinha entendido. Mas hoje ela própria me pareceu diferente e soou meio indecifrável. O vazio do sentido perdido foi uma dor e isso não deveria me abalar.

Mas se o seu mistério habitar algum lugar que fica entre o hábito e a memória, talvez ele seja meu vizinho.

domingo, 25 de abril de 2010

essa música é foda e não adianta dizer mais nada porque toda a minha capacidade de expressão não lhe faria justiça.


Every step of the way, we walk the line
Your days are numbered, so are mine
Time is piling up, we struggle and we stray
We're all boxed in, nowhere to escape
City's just a jungle, more games to play
Trapped in the heart of it, tryin' to get away
I was raised in the country, I been working in the town
I been in trouble ever since I set my suitcase down
Got nothing for you, I had nothing before
Don't even have anything for myself anymore
Sky full of fire, came pouring down
Nothing you can sell me, I'll see you around
All my powers of expression and thoughts so sublime
Could never do you justice in reason or rhyme
Only one thing I did wrong
Stayed in Mississippi a day too long
Well, the devil's in the alley, mule's in the stall
Say anything you wanna, I have heard it all
I was thinking about the things that Rosie said
I was dreaming I was sleeping in Rosie's bed
Walking through the leaves, falling from the trees
Feeling like a stranger nobody sees
So many things that we never will undo
I know you're sorry, I'm sorry too
Some people will offer you their hand and some won't
Last night I knew you, tonight I don't
I need something strong to distract my mind
I'm gonna look at you 'til my eyes go blind
Well I got here following the southern star
I crossed that river just to be where you are
Only one thing I did wrong
Stayed in Mississippi a day too long
Well my ship's been split to splinters and it's sinking fast
I'm drowning in the poison, got no future, got no past
But my heart is not weary, it's light and it's free
I've got nothing but affection for all those who sailed with me
Everybody's moving, if they ain't already there
Everybody's got to move somewhere
Stick with me baby, stick with me anyhow
Things should start to get interesting right about now
My clothes are wet, tight on my skin
Not as tight as the corner that I painted myself in
I know that fortune is waiting to be kind
So give me your hand and say you'll be mine
Well, the emptiness is endless, cold as the clay
You can always come back, but you can't come back all the way
Only one thing I did wrong:
Stayed in Mississippi a day too long.

[ismael, esse post é pra vc, claro!]

sábado, 24 de abril de 2010

Terça-feira, 20 de Abril de 2010 7:48:51 Cut up auf Leben und Körper


Era só mais um dia que começava com a caixa de emails cheia. Eu sempre começo apagando os spams e abrindo os chatos. Mas qdo eu vi o seu, fui direto nele, porque já fazia meses. Ele só tinha 4 frases soltas em letras pequenas:

I wish I could talk to you.
If I would have asked you, would you have been my girlfriend?
I miss you.
There no sun still here.

Eu li mais de uma vez para prestar atenção nos verbos. E depois tentar decifrar se havia alguma relação entre essas 3 afirmações, essa pergunta e o fato de elas terem aparecido na minha caixa de correio às 7:48 da manhã de uma terça-feira. Uma delas me pareceu a mãe da outra. O desejo sempre possível e quase nunca realizado é a origem da pergunta feita muito tempo depois no pretérito do subjuntivo. Eu pensei em te responder sure, we can talk at anytime. Nós podemos e sempre pudemos. But we never did. We never do. Tem um monte de outras coisas que a gente não consegue fazer neste momento por causa da distância, mas falar não é uma delas, pois temos paliativos. Talvez vc queira dizer mais que falar quando diz falar. A frase seguinte é mais uma dessas coisas que vc gosta de construir e que têm o efeito de te afastar do presente. Vc não viveu o presente dessa frase quando ele poderia ter sido presente. E isso significa que vc não deve vivê-la no preterito do subjuntivo. A combinação desse modo e desse tempo verbais é bem perigosa e foi ela que não te deixou perguntar como eu estou me sentindo hoje. Se você só se interessa em como eu teria me sentido, eu tenho que dar um jeito de te dizer que eu não me interesso por arrependimentos. E não é só uma questão de gosto. Como teria sido se a tal pergunta tivesse sido formulada no presente há meses atrás é simplesmente algo impossível de te responder. O dado real é apenas a pergunta não feita. A pergunta não feita e o tempo perdido são uma dimensão incontornável da nossa temporalidade. Um dado histórico que por isso mesmo é também o nosso presente. Mas a resposta a uma pergunta não feita simplesmente não pode ser imaginada. Essa resposta simplesmente não pode existir. E é só por isso que eu não consegui responder ao seu email até agora.

Aqui no hemisfério sul o sol está ficando cada vez mais fraco. Mas não é por causa da escuridão que eu não consigo olhar para um passado que nunca foi presente. I wish I could talk to you either.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

comes a time

de você eu sinto saudades dos seus avós e de alguém pra conversar sobre filosofia da linguagem. essa frase pode parecer cruel, mas não é. eu acho bonita.


terça-feira, 20 de abril de 2010

Será que dor é o nome verdadeiro disso que a gente chama de dor?

- você é engraçada; sempre precipita os fins.
- é. eu tenho sim esse impulso de destruir as coisas antes da hora.
- por que?
- acho que é porque eu tenho medo de dor. isso sempre explica muita coisa sobre mim.
- tá, mas prá que antecipar?
- sei lá.
- posso te fazer uma pergunta meio exagerada?
- pode.
- vc já sabe que vai morrer. vc quer antecipar ou quer viver?
- viver.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

something.

Curtir fossa numa noite de sábado é um clichê. Porque sábado à noite é o dia oficial de todos os clichês. Prefiro evitar, mas até entendo quem curte. Por isso prá saber o quanto a sua vida ficou careta, melhor não olhar para o sábado à noite e sim pras noites de segunda-feira. Marcamos uma despedida para hoje. Ontem eu tentei comprar legumes orgânicos para a nossa última janta juntos, mas não rolou. Acordei tarde demais e quando cheguei lá já estavam recolhendo a feira. É uma cena desoladora a de uma feira sendo desmontada. Um dos caras deve ter sacado a minha decepção e veio falar comigo. Sim, era mesmo tarde demais, mas ele me deu de presente quatro milhos, duas cenouras, um maço de alface e um de nabo. O que já é uma salada. E pelo menos valeu pelo rolê no parque. O dia tava lindo e os velhinhos seresteiros não estavam tocando nem sertanejo, nem Roberto. Estavam bombando no Jorge Ben e eu achei isso bem legal. Nem é do tempo deles. Também não é do meu e eu curto. Curto ouvir por aí, porque afinal esse é justamente o disco que eu não tenho mais. O homem da gravata florida foi embora. Eu poderia ter ficado ali o dia todo, mas acabei indo pro bexiga, com medo de perder os vinis. Tava com o dinheiro contado, porque esqueci de passar no caixa eletrônico, mas deu pra levar 4 do Paul & Linda e um do Cat Stevens que eu ainda não conhecia. Não tinha Zappa. Por isso eu resolvi explorar melhor o Paul e a Linda. É uma vibe mais inocente e mais alegre. Sinal de que nem todo domingo precisa acabar com John & Yoko para ser bom.

Eu não saí com você, mas fui beber numa rua com o seu nome. Foi coincidência, mas quando nos ligamos disso, achamos que esse seria um verso lindo para uma música. E essa seria uma música meio Lupicínio.

Hoje eu consegui acordar cedo e ir para a aula de yoga. Eu tava morrendo de sono e adormeci no relaxamento final. Acordei porque alguém esqueceu o celular ligado e ele tocou no meio do silêncio das respirações descoordenadas. O ringtone era all the lonely people e não something.

A moral da história é que nem sempre podemos escolher a trilha-sonora dos nossos dias.

sábado, 17 de abril de 2010

porque é muita liberdade poder dizer: tell me why. e muitas vezes é só o que resta.




After the gold rush é um dos melhores álbuns do século. E se vc nao é daqueles que se abala por falsas questões, vai encontrar nele uma musica para cada um dos temas pelos quais vale a pena sofrer. After the gold rush é para ouvir com atenção, sentar tranquilo e se concentrar só nele. Um lado após o outro, prestando atenção nas letras. Foi essa a advertencia que o dono da banca me deu quando me vendeu esse vinil. Na hora soou qse uma ameaça e se eu nao parecesse levar a serio o conselho, talvez ele nao me vendesse. E eu pensei que isso era coisa de velho louco colecionador. Não era. Qualquer um que conhece, desenvolve amor por esse vinil. Um amor que vc guarda para poucas coisas. As que entram na lista das melhores do mundo. E eu sempre sigo o conselho daquele velho magro, que tá sempre usando alguma camisa preta de banda de rock progressivo. Mas ontem nós dois precisávamos de uma cerveja. Havia urgência, por isso terminamos de ouvir tell me why, pedimos desculpas para o tio young e paramos a vitrola no começo da segunda música do lado A, que a essa altura ja tava tocando pela segunda vez da noite. Levamos menos de cinco minutos para chegar no nosso bar preferido. Um dos ultimos bares decentes do meu bairro. E ele fica virando a esquina de casa, a mesma distância da padaria. Nesse caminho era como se ainda tocasse a musica. Eu assoviava. Parava. Você cantaralova.
– Eu acho que essa frase é universal.
– Pode crer. Vc pode falar isso pra qualquer um.
– E em qualquer situação.
– Vc pode falar isso pra um psicopata serial killer e pro garoto que te deu um bolo numa noite de sábado.
– Vc acha que a gente tem uma tendência natural a buscar explicações?
– Acho que mais ou menos.
– Será que é porque a gente tem medo do irracional?
– Não, acho que é porque temos medo da solidão. POrque se fosse só eu comigo mesmo, era mais fácil. Não precisava explicar nada, nem pedir explicações.
– Pode ser, não tinha pensado desse jeito. Prá mim era mais um lance de - pô, fala sério. Porque quando vc olha prá alguém e pergunta por que, leva o outro a se ligar. A pelo menos assumir posição.
– Se vc vivesse sozinho no mundo, as razões não teriam importância. Se fosse assim a coisa tava fácil. O lance é que a gente tem que convencer o outro.
– Faz sentido, porque no fundo vc não quer ficar pirando e curtindo o lance sozinho.
– Obvio.O legal é convencer os outros a entrarem na sua viagem. Nas coisas que te fazem pirar.
– Na real, se vc convencer só uma pessoa já basta.
– É. Daí vc entende um pouco mais o q é o amor. Tá bem próximo de uma urgência em se comunicar.
– É isso aí mesmo.
– O meu analista diz que relacionamento é só poder dar um tempo de si mesmo. Poder se perder um pouquinho do próprio ego. Por isso é que é bom.
– É. Também acho. Deve ser por isso que quando eu não me suporto, eu tô mais promiscuo.
– Prá se perder bastante. E em muitos...
- (...)
- Sabe que eu tô achando bom voltar a mim mesma um pouco nesta noite...
- É foda essa sensação. Saudades de si.
- Essa é a hora que vc tem q seguir o conselho do tio do vinil.
- Eu cansei de porto alegre porque já não encontro descanso de mim lá.
– A gente tá sempre oscilando entre os dois extremos. E ao mesmo tempo tentando ficar em pé.
- Eu só queria ter que não carregar sozinho os meus instrumentos.
- Se vc ler a letra de tell me why, vai ver que é perfeita pro que a gente tá vivendo, só que com uma diferença de grau.
– Pode crer.
– Chega uma hora que tell me why é a penultima coisa que se tem a dizer. Porque a última mesmo é poder falar: you could write a book on how to ruin someone's perfect day.
– Essa frase é do caralho.
– A gente podia fazer uma camiseta escrita: tell me why.
– Vamos. POrque essa é mesmo foda. É um statement. E nem precisa botar o ponto de interrogação.
– Não precisa.
– Tell me why, é tell me why, cara.
– É, não é uma pergunta. É um imperativo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

ho-ba-la-lá uma canção

- Eu sou tímida.

- Não parece.

- Só a minha fisioterapeuta entendeu isso. Olhando para o movimento inercial dos meus ombros.

- Eu jamais diria.

- Timidez não tem nada a ver com o quanto se fala. É só uma certa tendência à incomunicabilidade.

- Isso parece uma ameaça.

- Não. Mas pode ser um aviso, tipo manual de utilização.

- Eu gosto do seu sorriso.

- Eu gosto de quando vc aperta os olhos para enxergar melhor o que está perto.

- Talvez eu tenha que trocar de óculos.

- Como se roubar o meu diário adiantasse.

- Eu não li o que veio antes de mim.

- Eu não dou a mínima. E não reconheço proibições. Essas duas frases são de um amigo meu, mas leia como se fossem minhas.

- O que vc é dele?

- Ele pressente quando eu estou para chegar.

- (...)

- O meu professor de yoga me contou que quem tem pino em alguma parte do corpo sente quando vai chover.

- (....)

- Alguma coisa a ver com a sensibilidade à mudança de pressão atmosférica.

- (...)

- Vc sabe mais de mim do que eu de vc... Mas na real eu não ligo.

- (...)

- E os seus silencios não me incomodam.

- O que vc quer saber?

- Nada. Só o que vc quiser contar. E qual a sua música preferida do Bob Dylan.

- A sua é it aint me babe, não é?

- Vc se lembra?

- Sim. (Vc me disse isso no dia em que usava brincos cor-de-laranja, iguais nas duas orelhas).

- É. Mas depende da época. E nem sempre a mais importante é a que está no primeiro lugar. (E eu normalmente uso um brinco diferente em cada orelha porque não gosto da sensação de simetria).

- (...)

- (Simetria não tem nada a ver com reciprocidade).

- Todas as canções têm prá contar.

- O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010