segunda-feira, 19 de abril de 2010

something.

Curtir fossa numa noite de sábado é um clichê. Porque sábado à noite é o dia oficial de todos os clichês. Prefiro evitar, mas até entendo quem curte. Por isso prá saber o quanto a sua vida ficou careta, melhor não olhar para o sábado à noite e sim pras noites de segunda-feira. Marcamos uma despedida para hoje. Ontem eu tentei comprar legumes orgânicos para a nossa última janta juntos, mas não rolou. Acordei tarde demais e quando cheguei lá já estavam recolhendo a feira. É uma cena desoladora a de uma feira sendo desmontada. Um dos caras deve ter sacado a minha decepção e veio falar comigo. Sim, era mesmo tarde demais, mas ele me deu de presente quatro milhos, duas cenouras, um maço de alface e um de nabo. O que já é uma salada. E pelo menos valeu pelo rolê no parque. O dia tava lindo e os velhinhos seresteiros não estavam tocando nem sertanejo, nem Roberto. Estavam bombando no Jorge Ben e eu achei isso bem legal. Nem é do tempo deles. Também não é do meu e eu curto. Curto ouvir por aí, porque afinal esse é justamente o disco que eu não tenho mais. O homem da gravata florida foi embora. Eu poderia ter ficado ali o dia todo, mas acabei indo pro bexiga, com medo de perder os vinis. Tava com o dinheiro contado, porque esqueci de passar no caixa eletrônico, mas deu pra levar 4 do Paul & Linda e um do Cat Stevens que eu ainda não conhecia. Não tinha Zappa. Por isso eu resolvi explorar melhor o Paul e a Linda. É uma vibe mais inocente e mais alegre. Sinal de que nem todo domingo precisa acabar com John & Yoko para ser bom.

Eu não saí com você, mas fui beber numa rua com o seu nome. Foi coincidência, mas quando nos ligamos disso, achamos que esse seria um verso lindo para uma música. E essa seria uma música meio Lupicínio.

Hoje eu consegui acordar cedo e ir para a aula de yoga. Eu tava morrendo de sono e adormeci no relaxamento final. Acordei porque alguém esqueceu o celular ligado e ele tocou no meio do silêncio das respirações descoordenadas. O ringtone era all the lonely people e não something.

A moral da história é que nem sempre podemos escolher a trilha-sonora dos nossos dias.

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