- Eu sou tímida.
- Não parece.
- Só a minha fisioterapeuta entendeu isso. Olhando para o movimento inercial dos meus ombros.
- Eu jamais diria.
- Timidez não tem nada a ver com o quanto se fala. É só uma certa tendência à incomunicabilidade.
- Isso parece uma ameaça.
- Não. Mas pode ser um aviso, tipo manual de utilização.
- Eu gosto do seu sorriso.
- Eu gosto de quando vc aperta os olhos para enxergar melhor o que está perto.
- Talvez eu tenha que trocar de óculos.
- Como se roubar o meu diário adiantasse.
- Eu não li o que veio antes de mim.
- Eu não dou a mínima. E não reconheço proibições. Essas duas frases são de um amigo meu, mas leia como se fossem minhas.
- O que vc é dele?
- Ele pressente quando eu estou para chegar.
- (...)
- O meu professor de yoga me contou que quem tem pino em alguma parte do corpo sente quando vai chover.
- (....)
- Alguma coisa a ver com a sensibilidade à mudança de pressão atmosférica.
- (...)
- Vc sabe mais de mim do que eu de vc... Mas na real eu não ligo.
- (...)
- E os seus silencios não me incomodam.
- O que vc quer saber?
- Nada. Só o que vc quiser contar. E qual a sua música preferida do Bob Dylan.
- A sua é it aint me babe, não é?
- Vc se lembra?
- Sim. (Vc me disse isso no dia em que usava brincos cor-de-laranja, iguais nas duas orelhas).
- É. Mas depende da época. E nem sempre a mais importante é a que está no primeiro lugar. (E eu normalmente uso um brinco diferente em cada orelha porque não gosto da sensação de simetria).
- (...)
- (Simetria não tem nada a ver com reciprocidade).
- Todas as canções têm prá contar.
- O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo.
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