segunda-feira, 24 de novembro de 2008


Hoje eu parei de andar a pé e peguei a minha bicicleta vermelha. É a mesma de dois anos atrás, que eu nunca tive coragem de vender quando fui embora daqui. Eu a deixei com uma amiga. E fora essa amiga, ela é o laço mais estável que eu tenho com esta cidade. Eu sempre acho que é ela que me faz voltar. Pelo menos é sempre nela que eu penso quando me canso do lugar onde moro e penso que gostaria de ser mais livre. Eu voltei aqui para reencontrá-la no verão do ano passado. E valeu a pena. É uma steiger, fabricada aqui provavelmente na década de 60, com luzes movidas a dínamo, em perfeito estado, que eu achei numa loja de bicicletas de segunda mão. Eles a comprariam de volta quando eu partisse, mas eu não pude. Eu sempre penso em levá-la comigo, mas sei que ela só faz sentido aqui. Onde eu moro ela seria apenas um fetiche vintage. Aqui é ela que me faz encontrar os lugares bonitos onde que eu gosto de me perder. Eu não me importo em viver a ilusão de que algumas coisas me garantem acesso a algum lugar secreto onde eu já fui feliz. Eu não me importo em fracassar quase sempre nisso. Porque eu hoje eu fui com a minha bicicleta até o meio da floresta triste e não tive medo de ficar sozinha.

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