quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Eu comecei a fazer um exercício para tentar me perder da minha alma. Ou soterrá-la embaixo da neve, até que ela comece a respirar tão de leve que seja difícil de perceber. Como se fosse possível dar morfina à alma. Pelo menos para ela me dar paz por um tempo. Pelo menos para aliviar o sofrimento físico. Eu passo o dia bolando planos para conseguir chegar até a próxima hora. Tentando viver na superfície, onde não há muitas surpresas. Onde não há espaço para bipolaridades. Onde podemos nos dedicar apenas a tarefas diárias. Onde o dia passa entre uma refeição e outra. Onde toda a atenção é necessária para encontrar a programação correta da máquina de lavar roupa. Onde não é preciso entender, nem ter razões. Eu gostaria de poder fazer o tempo passar bem rápido ou esperar por alguma coisa. Porque quando esperamos por algo é possível usar o último estoque de energia para viver da promessa. A promessa é uma estratégia de emergência para sobreviver quando não se tem coragem. Eu sei que olhando de perto é possível perceber a diferença entre atos de desespero e atos de coragem. Mas não tem ninguém me olhando de perto.

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