quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

bass song

Meus textos estão ficando meio emo nos últimos dias e eu estou achando isso um saco. Mas não é proposital. Eu simplesmente fiquei assim e não estou sabendo como me livrar disso. Talvez eu esteja me afogando na escuridão e esteja apenas pedindo ajuda. Talvez eu escreva para engolir o choro quando ele vem de repente no meio da biblioteca. Eu tenho passado o dia todo tentado me manter sentada com a coluna ereta até bater o sinal que avisa que a biblioteca deve ser evacuada. Eu sei que uma hora eu vou conseguir seguir uma idéia até o fim e me esquecer da tristeza. Eu só não sinto que tenha energia o suficiente para fazer alguma coisa brotar de mim mesma agora. Então resolvi aumentar a chance de que algo aconteça. Eu comprei chocolate com alta concentração de cacau e chás de diferentes tipos e passo o dia lendo tudo o que eu puder e a minha pouca concentração deixar. Talvez um céu azul fosse tudo o que a vontade precisasse para aparecer de novo para mim. Mas na falta dele, eu busco reconhecer algum sinal de vida nas coisas que leio. Eu tento sentir de novo a mesma atração que o desconhecido já exerceu sobre mim. Eu abro um novo livro e me esforço para me lembrar da excitação que eu costumava sentir nesse ato. E que não há mais. Eu estou tentando segurar firme mesmo que só veja tons de cinza e de branco ao meu redor. E frases que não me surpreendem. Como quando fazemos exercício e os músculos começam a doer e depois a tremer e é como se estivessem queimando por dentro até acharmos que se não pararmos no minuto seguinte vamos desabar. Mas não. Prendemos a respiração, apertamos os olhos e agüentamos mais um pouco. E assim eu passo para a próxima página.

Eu estava concentrada quando de repente ouvi o estrondo. Um pássaro bateu com tudo contra o vidro e caiu morto. Suas penas ainda planavam no ar e seu corpo já estava duro no chão. O carro de policia azul passou bem neste momento, mas não queria saber da morte do pássaro. Eu me pergunto se ele quis se matar ou se apenas foi enganado pela translucidez dessas paredes de vidro. Eu fico pensando se os arquitetos pensam nos pássaros quando decidem construir um prédio de vidro na beira da floresta. Se há estudos indicando que as aves são capazes de compreender o obstáculo de vidro ou se eles apenas pressupõem que sim. Às vezes há coisas demais pressupostas. Não deveriam pressupor que todos sabem o que acontece quando se voa em direção ao vidro. Não deveriam pressupor que todos querem evitar o encontro fatal com o vidro seco. Há muitas vítimas da má arquitetura que nunca serão contabilizadas.

Nenhum comentário: